Violência doméstica, binómio cultural honra-vergonha e controlo de mulheres: uma análise de processos de (pós)divórcio
DOI :
https://doi.org/10.18002/cg.v0i14.5868Mots-clés :
Violência doméstica, honra-vergonha, controlo de mulheres, processos (pós)divórcio, géneroRésumé
Neste artigo o autor, partindo de conclusões de várias pesquisas, incluindo uma por si coordenada, sobre desigualdades de género, focaliza o olhar sobre o fenómeno de violência doméstica, em particular, sobre as mulheres, considerando o nível socio-estrutural, organizacional-institucional e interativo. Uma vez problematizado o fenómeno e feita breve revisitação teórica sobre desigualdades de género, é convocado para análise da violência sobre as mulheres o binómio honra-vergonha, situando-o não tanto ao nível cultural mas mais ao nível do poder, do controlo de mulheres nas dimensões sexual e patrimonial. Para ilustrar este fenómeno é feita uma análise sociológica de 400 processos judiciais de (pós)divórcio, recolhidos em dez comarcas e Tribunais de Menores no Centro, Sul e sobretudo Norte de Portugal continental.
Téléchargements
Métricas alternativas
Références
Aboim, Sofia (2010): “Género, família e mudança em Portugal”. Em: Sofia Aboim Karin Wall, e Vanessa Cunha (orgs): A vida familiar no masculino. Negociando velhas e novas masculinidades. Lisboa: Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, pp. 39-66.
Abott, Pamela e Wallace, Claire (1991): Gender, Power and Sexuality. Basingstoke: Macmillan.
Almeida, Ana Nunes (1985): “Trabalho feminino e estratégias familiares”. Em: Análise Social, vol. XXI, nº. 85, pp. 7-44.
Almeida, Ana Nunes; André, Isabel e Cunha, Vanessa (2005): “Filhos e filhas: uma diferente relação com a escola”. Em: Karin Wall (org.): Famílias em Portugal. Percursos, Interacções e Redes Sociais. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, pp. 517-550.
Almeida, Miguel Vale de (2000 [1995]): Senhores de si. Uma interpretação antropológica da masculinidade. Lisboa: Fim de Século.
Amâncio, Lígia (1994): Masculino e Feminino. A construção social da diferença. Porto: Afrontamento.
Araújo, Helena Costa (2010): “Escola e construção da igualdade no trabalho e no emprego”. Em: Virgínia Ferreira (org): A igualdade de mulheres e homens no trabalho e no emprego em Portugal. Políticas e Circunstâncias. Lisboa: Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, pp.217-245.
Aristóteles (n.d., [1951]): Politics, 1254b, (organizado por W. Ross). Oxford: Oxford University Press.
Beauvoir, Simone (2008 [1949]): O Segundo Sexo. Lisboa: Quetzal Editores.
Becker, Howard S. (1968 [1963]): Outsiders – Studies in the sociology of deviance. Nova Iorque e Londres: The Free Press of Glencoe.
Bader, Veit e Benschop, Albert (1988): Ongelijkheden. Groningen: Wolters Noordhoff.
Blok, Anton (2001): Honor and Violence. Cambridge: Polity Press.
Bourdieu, Pierre (1998): La domination masculine. Paris: Seuil.
Brandão, Ana Maria (2010): E se tu fosses um rapaz? Homoerotismo e construção social da identidade. Porto: Afrontamento.
Braverman, Harry (1974): Labour and Monopoly Capital. The Degradation of Work in the Twentieth Century. Nova Iorque: Londres.
Cabral, João Pina (1991): Filhos de Adão, Filhas de Eva. A visão do mundo camponesa no Alto Minho. Lisboa: Publicações Dom Quixote.
Casaca, Sara (2012): Trabalho emocional e trabalho estético. Coimbra: Almedina.
Cole, Sally (1991): Women of the Praia. Nova Jersey: Princeton University Press.
Creenshaw, Kimberlé (2000): “Race Reform and Retrenchment. Transformation and Legitimation in antidiscrimination Law”. Em: Les Back e John Solomos (orgs.): Theories of Race and Racism. Londres e Nova Iorque: Routledge, pp. 549-560.
Crompton, Rosemary (2003): “Class and Gender beyond the „Cultural Turn‟”. Em: Sociologia. Problemas e Práticas, nº. 42, pp. 9-24.
Cutileiro, José (1977): Ricos e Pobres no Alentejo. Lisboa: Sá da Costa.
Cutileiro, José (1988): “Honra, vergonha e amigos”. Em: John G. Peristiany (org): Honra e Vergonha. Valores das sociedades mediterrânicas. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Dias, Jorge (1964): “Community Studies in Portugal”. Em: Portuguese Contribution to Culture. Joannesburgo: Witwaterstrand, pp. 63-93.
Durkheim, Emile (1974 [1895]): Las reglas del método sociológico. Madrid: Morata.
Durkheim, Emile (1977 [1893]): A divisão do trabalho social. Lisboa: Presença.
Engels, Friedrich (1980 [1884]): A origem da família, da propriedade privada e do Estado. Lisboa: Editorial Presença.
Ferreira, Virgínia (1993): “Padrões de segregação das mulheres no emprego – uma análise do caso português no quadro europeu”. Em: Boaventura S. Santos (org): Portugal: um retrato singular. Porto: Afrontamento, pp. 231-257.
Ferreira, Virgínia (1999): “Os paradoxos da situação das mulheres em Portugal”. Em: Revista Crítica de Ciências Sociais, nº. 52-53, pp. 199-227.
Firestone, O. Shulamith (1976): A Dialéctica do Sexo. Rio de Janeiro: Labor do Brasil.
Flandrin, Jean-Louis (1983): Un temps pour embrasser. Aux origines de la morale sexuelle occidentale (VI-XI siècle). Paris: Seuil.
Foucault, Michel (1992): Microfísica do poder. Madrid: Ediciones de la Piqueta
Foucault, Michel (1994): História da sexualidade. I. A vontade de saber. Lisboa: Relógio d‟Água.
Freud, Sigmund (1975 [1946]): Abrégé de psychanalyse. Paris: Presses Universitaires de France.
Giddens, Anthony (2000 [1997]): Sociologia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Godinho, Vitorino Magalhães (1980 [1971]): Estrutura da antiga sociedade portuguesa. Lisboa: Arcádia.
Goffman, Erving (1974): Les rites d’interaction. Paris: Éditions du Minuit.
Goody, Jack (1983): The development of the Family and Marriage in Europe. Cambridge: Cambridge University Press.
Guerreiro, Maria das Dores (1998): “A conciliação entre trabalho e vida familiar em Portugal”. Em: Maria das Dores Guerreiro (org): Trabalho, Família e Gerações: Conciliação e Solidariedades. Lisboa: CIES/ISCTE, pp. 33-38.
Guerreiro, Maria Dolores e Perista, Helena (1999): “Trabalho e Família”, Inquérito à Ocupação do Tempo. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística.
Harris, Olivia e Young, Kate (1981): “Engendered Structures: Some Problems in the Analisys of Reproduction”. Em: Joel S. Khan e Josep R. Llobera (orgs): The Anthropology of Pre-Capitalist Societies. Londres: MacMillan, pp. 109-147.
Hartman, Heidi (1982): “Capitalism, Patriarchy and Job Segregation by Sex”. Em: Anthony Giddens e David Held (orgs): Classes, Power and Conflict. Londres: MacMillan Education Ltd, pp. 446-469.
Kovács, Ilona e Casaca, Sara (2008): “Labor segmentation and employment diversity in ICT service sector in Portugal”. Em: European Societies, vol. 10, nº. 3. Routledge, Taylor & Francis Group, pp.429-451.
Lisboa, Manuel; Frias, Graça; Roque, Ana e Cerejo, Dalila (2006): “Participação das mulheres nas elites políticas e económicas no Portugal democrático (25 de Abril de 1974 a 2004)”. Em: Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, nº. 18, pp. 163-187.
Luhman, Niklas (1982 [1970]): The Differentiation of Society. Nova Iorque: Columbia University Press.
McCall, Leslie (2005): “The complexity of interseccionality”. Em: Signs, vol. 30, nº. 3, pp. 1771-1800.
Machado, Helena (1999): “„Vaca que anda no monte não tem boi certo‟: análise da prática judicial de normalização do comportamento sexual e procriativo da mulher”. Em: Revista Crítica de Ciências Sociais, nº. 55, pp.167-184.
Machado, Helena (2007): Moralizar para identificar. Cenários da investigação judicial de paternidade. Porto: Afrontamento.
Magalhães, Maria José (1998): Movimento feminista e Educação em Portugal: Décadas de 70 e 80. Oeiras: Celta Editora.
Marx, Karl e Engels, Friedrich (1976 [1846]): A ideologia alemã. Lisboa: Presença.
Marques, Ana Paula, Silva, Manuel Carlos e Veiga, Carlos (2006): Assimetrias de Género e Classe. O caso das empresas de Barcelos. Barcelos: Kerigma.
Millet, Kate (1974): Política sexual. Lisboa: Publicações Dom Quixote.
Nencel, Lorraine (1994): “The secrets behind sexual desire: the construction of male sexuality in Lima, Peru”. Em: Etnofor, vol.VII, nº. 2, pp. 59-75.
Nogueira, Conceição (2013): “A teoria da interseccionalidade nos estudos de género e sexualidades: condições de produção de „novas possibilidades‟ no projeto de uma psicología feminista crítica”. Em: Ana Lídia Campos Brizola et al. (orgs): Práticas sociais, políticas públicas e direitos humanos. Florianópolis: Abrapso/Nuppe/CFH/UFSC, pp. 227-248.
Ortner, Sherry e White, Harriet (1988 [1972]): Sexual Meanings: the Cultural Construction of Gender and Sexuality. Cambridge: Cambridge University Press.
Parsons, Talcott (1956): “Family Structure and the Socialization of the Child”. Em: Talcott Parsons e Robert F. Bales (orgs): Family, Socialization and Interaction Process. Londres: Routledge & Kegan Paul, pp. 35-131.
Pereira, Maria do Mar (2012): Fazendo Género no Recreio. A negociação do género em espaço escolar. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais.
Peristiany, John G. (1988 [1965]): “Introdução” e “Honra e vergonha numa aldeia cipriota”. Em: John G. Peristiany (org): Honra e Vergonha. Valores das sociedades mediterrânicas. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, pp.3-10 e pp. 139-155.
Pitt-Rivers, Julian (1988): “Honra e posição social”. Em: John G. Peristiany (org): Honra e Vergonha. Valores das sociedades mediterrânicas. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 11-61.
Pitt-Rivers, Julian (1997 [1977]): Anthropologie de l’honneur. Paris: Hachete.
Ribeiro, Orlando (1940): “Villages et communautés rurales au Portugal”. Em: Biblos, vol. XVI, nº. II. Coimbra: Coimbra Editora, pp. 411-425.
Ribeiro, Manuela e Sacramento, Octávio (2002): “Prostituição feminina no espaço transfronteiriço ibérico – Um caso particular de circulação de pessoas”. Em: Cadernos do Noroeste, série Sociologia, Sociedade e Cultura, vol. 18 (1-2), pp. 205-227.
Roberts, Richard (1984): “Women‟s Work and Women‟s Property: Household Social Relationship in the Maraka Textile Industry of the Nineteenth Century”. Em: Comparative Studies in Society and History, vol. 26, nº. 2, pp. 229-250.
Rousseau, Jean Jacques (1995 [1755]): Discurso sobre a origem e fundamentos da desigualdade entre os homens. Mem Martins: Publicações Europa-América.
Santos, Gina Gaio (2010): “Gestão, trabalho e relações sociais de género”. Em: Virgínia Ferreira (org): A Igualdade de Mulheres e Homens no Trabalho e no Emprego em Portugal, Políticas e circunstâncias. Lisboa: Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, pp. 99-138.
Santos, Helena e Amâncio, Lígia (2012): “Género e política: análise sobre as resistências nos discursos e nas práticas sociais face à Lei da paridade”. Em: Sociologia. Problemas e Práticas, nº. 68, pp. 79-101.
Schneider, Jane (1971): “Of the vigilance and virgins: honor, shame and acces to ressources in Mediterranean societies”. Em: Ethnology, vol. X, nº. 1, pp.1-24.
Schouten, Maria Johanna (2011): Uma Sociologia do Género. Vila Nova de Famalicão: Edições Húmus.
Segalen, Martine (1983 [1980]): Love and Power in the Peasant Family. Rural France in the Nineteenh Century. Chicago: The University of Chicago Press.
Silbert, Albert (1960): Le ‘collectivisme agraire’ au Portugal: histoire d’un probleme. Lisboa: Livros Horizonte.
Silva, Manuel Carlos e Van Toor, Marga (1988): “Camponeses e patronos: o caso de uma aldeia minhota”. Em: Cadernos de Ciências Sociais, nº. 7, pp. 51-80.
Silva, Manuel Carlos e Van Toor, Marga (1991): “Casa e casas em espaço rural minhoto: o poder doméstico”. Em: Cadernos do Noroeste, vol. 4, nº. 6-7, pp. 79-99. (cf. versão mais reduzida in Actas do II Congresso Português de Sociologia, vol I, pp. 922-939, Lisboa: Fragmentos).
Silva, Manuel Carlos e Van Toor, Marga (1998): Resistir e Adaptar-se. Constrangimentos e estratégias camponesas no Noroeste de Portugal. Porto: Afrontamento.
Silva, Manuel Carlos e Van Toor, Marga (2004): “Honra e vergonha: código cultural mediterrânico ou forma de controlo de mulheres?. Em: Jose Portela e João Castro Caldas (orgs): Portugal-Chão. Oeiras: Celta Editora, pp. 67-86.
Silva, Manuel Carlos e Van Toor, Marga (2016): Desigualdades de género. Família, Educação e Trabalho. Vila Nova de Famalicão: Húmus.
Silva, Manuel Carlos e Van Toor, Marga (2017): “Desigualdades de género y estrategias de paridad en la educación”. Em: Cuestiones de género: de la igualdad y la diferencia, nº. 12, pp. 245-265.
Silva, Sofia Marques (2010): “Mulheres e feminilidade em culturas ocupacionais de hegemonía masculina”. Em: Virgínia Ferreira (org.): A Igualdade de Mulheres e Homens no Trabalho e no Emprego em Portugal. Políticas e circunstâncias. Lisboa: Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, pp. 293-332.
Stolke, Verena (2006): “O enigma das intersecções: classe, raça, sexo, sexualidade. A formação dos impérios transatlânticos do século XVI ao XIX”. Em: Estudos feministas, vol. 14, nº. 1, pp.15-42.
Tavares, Manuela (2011): Movimentos de mulheres em Portugal: Décadas de 70 e 80. Lisboa: Livros Horizonte.
Torres, Anália (2001): Sociologia do Casamento. A Família e a Questão Feminina. Oeiras, Celta Editora.
Torres, Anália (2002): O casamento em Portugal. Uma análise sociológica. Oeiras: Celta.
Viegas, José Manuel Leite e Faria, Sérgio (1999): As Mulheres na Política. Lisboa: Imprensa Nacional–Casa da Moeda.
Walby, Sylvia (1997): Gender Transformations. Londres: Routledge.
Wall, Karin (2005) (org.): Famílias em Portugal. Percursos, Interações, Interações, Redes Sociais. Lisboa: Imprensa das Ciências Sociais.
Weber, Max (1961 [1920]): General Econmic History. Nova Iorque: Collier Books.
Weber, Max (1961 [1920]): Economy and Society. Editado por Guenther Roth e Claus Wittich. Berkeley e Londres: University of California Press.
Weeks, Jeffrey (1986): Sexuality. Londres e Nova Iorque: Tavistock Publications.
Zaretsky, Eli (1973): Capitalism. The Family and Personal Life. Nova Iorque: Monthly Review Press.
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés Manuel Carlos Silva 2019
Ce travail est disponible sous licence Creative Commons Attribution - Pas d’Utilisation Commerciale - Partage dans les Mêmes Conditions 4.0 International.
Los autores que publican en esta revista están de acuerdo con los siguientes términos:
- Los autores ceden de forma no exclusiva los derechos de explotación (reproducción, distribución, comunicación pública, transformación) a la Universidad de León, por lo que pueden establecer, por separado, acuerdos adicionales para la distribución no exclusiva de la versión de la obra publicada en la revista (por ejemplo, alojarlo en un repositorio institucional o publicarlo en un libro), con un reconocimiento de su publicación inicial en esta revista.
- Este trabajo se encuentra bajo la Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License. Puede consultarse desde aquí la versión informativa y el texto legal de la licencia.
- Se permite y se anima a los autores a difundir electrónicamente las versiones pre-print (versión antes de ser evaluada) y/o post-print (versión evaluada y aceptada para su publicación) de sus obras antes de su publicación, ya que favorece su circulación y difusión más temprana y con ello un posible aumento en su citación y alcance entre la comunidad académica.